"Sou o patinho
feio, ninguém cuida de mim."
Esse patinho, porém, quase nunca é feio nem se encontra
em estado de total abandono. Ele é só mais um doente de
vitimismo - patologia psicológica caracterizada pela presença
de um sentimento, ele sim, muito feio: a autopiedade."
Eu estou ok, os outros não estão.
Não estou ok, os outros também não.
Estou ok, os outros também estão.
Esse patinho, porém, quase nunca é feio nem se encontra
em estado de total abandono. Ele é só mais um doente de
vitimismo - patologia psicológica caracterizada pela presença
de um sentimento, ele sim, muito feio: a autopiedade."
O complexo de vítima - a mania de
assumir, na vida, a postura de mártir sofredor - é uma das mais insidiosas e
destrutivas patologias psicológicas.
Os que caíram nas garras da autopiedade
vão por aí, puxando a carroça dos seus sofrimentos quase sempre imaginários -
mas não por isso menos reais - e provocando nos outros enfado e repulsa.
Isso é
muito triste, quando se sabe que tudo o que eles querem é exatamente o
contrário: roubar carinho e atenção.
O vitimismo é um poço de sentimentos
negativos. Dele surge a tendência para culpar os outros (o pai, a mãe, o irmão, a sociedade, a vida, o mundo, os maus fados, o destino) e fazer deles
os responsáveis pelas suas próprias mazelas.
Dele surgem as couraças de
autodefesa que não lhes permitem relaxar e viver de modo saudável suas relações com os outros e consigo mesmos.
Dele vem a impressão sempre absurda e
impossível de que não precisam mudar...
Os outros é que estão errados.
Ele é a
pior das cegueiras, pois destrói na pessoa a autocrítica, o discernimento e a
capacidade de avaliação racional das situações.
Demônio de muitas faces, o vitimismo é
mestre em matéria de distorção da realidade. Parente próximo da tristeza,
quando ele possui uma pessoa, coloca diante de seus olhos um filtro cinza e
opaco que a impede de apreciar - e se deleitar - com as cores do mundo.
O vitimismo é doença precoce.
A análise
transacional - uma técnica de psicoterapia - ensina que uma criança, já nos
primeiros anos de vida, e a partir do seu contato cotidiano com os adultos,
decide qual das seguintes posições existenciais ela assumirá na vida:
Eu não estou ok, os outros estão.
Eu estou ok, os outros não estão.
Não estou ok, os outros também não.
Estou ok, os outros também estão.
Uma vez escolhida a posição, quando a
criança cresce, ela será dominante no seu caráter, enquanto as outras, embora
podendo coexistir, terão menor peso.
Destaca-se que a atitude universal na
primeira infância é a da "eu não estou ok, os outros estão".
Assim
sendo, a pessoa poderá permanecer fixada nessa posição ou, segundo a educação
recebida, passar a uma das outras três.
Explicando melhor:
- "Eu não estou ok, os outros
estão."
Essa pessoa se sente inferior aos outros e tenderá à depressão. Ela
ainda permanece na mesma posição da sua primeira infância.
- "Eu estou ok, os outros
não."
É a pessoa que culpa os outros pelas suas misérias. Essa posição
costuma ser assumida pelas crianças maltratadas com brutalidade, que concluem:
"Quando estou sozinho, estou muito bem. Não preciso de ninguém, deixem-me
só."
Esta posição é, em geral, baseada no ódio, mesmo quando ele está bem
camuflado.
Desse grupo fazem parte, com freqüência, os delinqüentes, os
fanáticos e os criminosos.
- "Eu não estou ok, os outros
também não."
Essa pessoa não sente nenhum interesse pela vida. É abúlica
e depressiva.
É uma posição assumida por aqueles que não receberam suficiente
calor e atenção nos primeiros anos e escolhe os amigos, o cônjuge, esperando
que ele seja propenso a desempenhar o papel complementar.
NÃO SOMOS LIVRES como acreditamos ser.
Quando se entende isso,
fica evidente que a maior parte dos nossos atos e pensamentos não é tão livre
de condicionamentos como gostamos de acreditar.
Nossa certeza de sermos livres,
de fazermos tudo aquilo que queremos, e quando queremos, é quase sempre uma
ilusão.
Quase todos, na verdade, carregamos dentro, condicionamentos mais ou
menos ocultos que, com freqüência, tornam difícil a manifestação de uma
honestidade genuína, uma criatividade livre, uma intimidade simples e pura.
Posição existencial é, portanto, um
papel que o indivíduo tenderá a representar ao longo da sua vida.
É preciso
sublinhar o fato de que todas as posições existenciais necessitam de pelo menos
duas pessoas, cujos papéis combinem entre si.
O algoz, por exemplo, não pode
continuar a sê-lo sem ao menos uma vítima.
A vítima procurará seu salvador e
este último uma vítima para salvar.
O condicionamento para o desempenho de
um dos papéis é bastante sorrateiro e trabalha de forma invisível.
Esta é uma
das causas principais da falência de algumas amizades ou casamentos, quando as
pessoas interessadas não se ligaram a partir de uma simpatia genuína, mas sim
com o objetivo de encontrar na outra pessoa um sujeito adequado para
desempenhar algum papel complementar.
Se pararmos alguns instantes para
considerar os casais que conhecemos, não será difícil encontrar entre eles a
"menina" que casou com o "pai" (relação vítima-salvador) ou
a mulher que se queixa continuamente do marido, mas nem sequer admite a idéia
do divórcio (relação vítima- algoz).
Observemos, então, como vivemos e como
a nossa presença influencia a vida daqueles que nos cercam.
Somos sadios?
Serenos? As pessoas ao nosso redor e principalmente as que estão mais próximas, nos apreciam de fato, ou apenas suportam a nossa presença? Nosso cônjuge nos
admira? Ele fala bem de nós? Nossos filhos nos consideram como amigos? Quantos
amigos de fato verdadeiros e reais temos? Em quantas portas podemos bater no caso de uma situação grave?
SE NÃO FORMOS serenos e não
tivermos amigos (reais, não aqueles que só podem ser chamados de colegas ou os que só aparecem pra fazerem média), tentemos considerar que, provavelmente, a nossa posição
existencial e o papel que desempenhamos não são os melhores possíveis.
Com
efeito, quando o são, temos serenidade, melhor saúde e principalmente
VERGONHA NA CARA...
E JAMAIS PRECISAREMOS FINGIR QUE SENTIMOS
PESAR PELA PERDA DE ALGUÉM QUE NÃO TIVEMOS A
DECENCIA DE PROCURAR E DE PRESTAR
SOLIDARIEDADE E APOIO CONSTANTE, GENUÍNO E
DESINTERESSADO EM SEUS ÚLTIMOS 45 DIAS DE VIDA!
Por que cargas d'água o Google "censurou" o seu blog, Osvaldo? Os meus eu até admito que o fizessem, pois a pornografia rolava solta por lá. Kkkkk
ResponderExcluir